Polícia Judiciária levou 22 a tribunal e 8 ficaram na cadeia. Escutas telefónicas traíram arguidos.
Moravam no Porto, em Aveiro e na Guarda. Mas escolhiam todos fazer exames de código em Bragança ou Mirandela. A coincidência foi ontem levada a tribunal e os instrutores não conseguiram explicá-la. O Ministério Público pediu prisão preventiva para oito, a decisão do juiz foi na mesma linha. Catorze saíram com medidas de coação mais brandas, que à hora do fecho da edição de sexta do jornal Correio da Manhã ainda não eram conhecidas.
Estes e outros indícios – designadamente centenas de transcrições de escutas telefónicas feitas ao longo de dois anos – foram ontem analisados em tribunal.
Dos 24 detidos, dois já tinham saído em liberdade. Foram o proprietário de uma escola de condução e um alegado intermediário a quem o Ministério Público aplicou menores medidas de coação.
Os sinais exteriores de riqueza dos instrutores foram analisados: carros topo de gama, vivendas e piscinas de luxo não eram justificados por ordenados que pouco ultrapassam os 1000 euros. As explicações faltaram e, por isso, a decisão do juiz do Tribunal de S. João Novo no Porto passou por determinar a prisão preventiva para os arguidos.
Relembramos que houve vinte e quatro detidos num esquema de cartas de condução falsas. Uma situação que se arrastava há décadas e que poderá ter permitido que milhares de pessoas obtivessem títulos de condução ser ter capacidades para tal. O caso, agora desmantelado pela Polícia Judiciária de Vila Real, em conjunto com a do Porto e da Guarda, continuou no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, onde os suspeitos foram levados a primeiro interrogatório.
Para já, os centros de exames de Mirandela e Bragança não podem funcionar.
A investigação começou com uma denúncia anónima. Alguém dava conta de que o preço para se obter uma carta de condução em Torre de Moncorvo variava entre os 2500 e os 7500 euros. Não era preciso aprender a conduzir, nem sequer estudar o código. Bastava pagar em notas e esperar pela carta.
Emigrantes, estrangeiros sem visto de residência e candidatos que não cumpriam os requisitos mínimos - saber ler e escrever - eram os grandes clientes do esquema.
Os examinadores nas salas diziam as respostas, na escola de condução o instrutor fazia de conta de que tinham feito exames de condução.
Os sinais de riqueza dos agora detidos - sete instrutores e 17 donos de escolas de condução - também não deixam dúvidas. Entre os primeiros - que auferem ordenados de 1150 euros nos centros - há a posse de carros de luxo. A Judiciária apreendeu automóveis avaliados em milhares de euros, há mesmo um carro apreendido que custou 150 mil euros. Moravam em casas de luxo e faziam uma vida faustosa. Eram eles os instrutores, que recebiam sempre a maior fatia da atividade criminosa. Ficavam com mais de metade do que era pago.
[Fonte: Correio da Manhã]
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