terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Região: Transmontanos contra a saída do helicóptero do INEM

O presidente do INEM, Miguel Soares de Oliveira, disse em declarações a órgãos de comunicação nacionais que três dos cinco helicópteros do INEM podem deixar de trabalhar durante a noite.

A possibilidade de o distrito de Bragança perder o serviço nocturno do helicóptero do INEM estacionado em Macedo de Cavaleiros, desde o dia 31 de Março de 2010, é considerada um “escândalo” por autarcas, dirigentes políticos locais e por responsáveis de instituições ligadas à saúde, sobretudo porque foi “um compromisso” assumido pelo Estado, referiu José Rodrigues, autarca de Vimioso, eleito pelo PSD.

O presidente do INEM, Miguel Soares de Oliveira, disse em declarações a órgãos de comunicação nacionais que três dos cinco helicópteros do INEM podem deixar de trabalhar durante a noite, já que têm uma "baixa eficiência" em relação aos custos que apresentam.

Este responsável defendeu ainda que a continuidade do horário de funcionamento dos três helicópteros ligeiros deve ser repensada e o dinheiro desviado para outro projecto "mais útil" para os utentes. Até ao final do ano deverá existir uma decisão sobre a manutenção, ou não, do serviço nocturno destes aparelhos.
O helicóptero de Macedo de Cavaleiros é um dos incluídos, mas é considerado uma conquista no distrito aquando da reestruturação da rede de urgências. “É um serviço essencial, sobretudo numa zona onde há más acessibilidades como é o caso do meu concelho, que mesmo com as novas estradas em construção (A4, IP2 e IC5) não será beneficiado”, acrescentou José Rodrigues.
Mota Andrade, deputado eleito pelo PS, está escandalizado com a hipótese de perda deste serviço e lembra que na região estão em marcha grandes obras em estradas, que contribuem para maiores dificuldades de acesso.

A dotação da região de um meio aéreo de emergência médica foi um serviço prometido pelo Ministério da Saúde, em 2007, aquando da reestruturação dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) nos centros de saúde, que passaram a deixar de funcionar 24 horas. No protocolo assinado pelo então ministro da tutela, Correia de Campos, o Governo comprometia-se a colocar um helicóptero do INEM em Macedo de Cavaleiros, a partir de 1 de Janeiro de 2008, para dar resposta aos doentes de todo o distrito.

Todavia, o meio aéreo demorou cerca de dois anos a ser instalado em Trás-os-Montes, o que só sucedeu no final de Março do ano passado, após a realização de um protocolo com a Câmara de Macedo de Cavaleiros. O líder da concelhia socialista deste concelho, Rui Vaz, emitiu um comunicado através do qual manifestava o seu degrado sobre as declarações do presidente do INEM que considera “preocupantes” porque muitos concelhos ficam distantes dos hospitais.

“Por exemplo, de Freixo de Espada à Cinta a Bragança de carro demora 2 horas, mas de helicóptero leva 10 minutos”, afirmou Rui Vaz. Mota Andrade afirmou ainda que os dados de que dispõem indicam que o meio aéreo de Macedo de Cavaleiros “é o que mais saídas registou”.

O responsável pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste, Vítor Alves, ficou surpreendido com as declarações do presidente do INEM, e recordou que o serviço do helicóptero na região resulta de uma negociação entre o Ministério da Saúde e os autarcas para garantir uma assistência médica rápida. “A saúde não pode ser vista como o arroz e a madeira, de uma forma economicista, porque o valor da vida é incalculável”, referiu.

O heliporto do hospital de Bragança recebeu obras de remodelação profundas que permitiram a certificação este mês por parte do Instituto Nacional de Aviação Civil e a infra-estrutura do hospital de Mirandela também dispõe de certificação.

[Fonte: Mensageiro de Bragança]

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