quarta-feira, 6 de junho de 2012

Região: Ministra diz que não há dinheiro para travar barragem do Tua

Assunção Cristas diz que indemnizações a pagar seriam incomportáveis.

A ministra do Ambiente defendeu, nesta terça-feira, que a barragem de Foz Tua é compatível com a classificação do Alto Douro Vinhateiro como património da humanidade e afastou a possibilidade de suspender as obras por falta de verbas.

«Íamos a tempo de parar se tivéssemos no nosso bolso os montantes para pagar as indemnizações necessárias, que são de várias centenas de milhões de euros», afirmou Assunção Cristas, citada pela Lusa, na comissão parlamentar do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local, onde foi ouvida pelos deputados.

Na ocasião foram debatidos requerimentos apresentados pelo Bloco de Esquerda e Os Verdes, que criticam a construção da barragem.

A ministra lembrou aos deputados que, para ter o dinheiro necessário para parar a obra, teria de «pedir mais impostos e os contribuintes portugueses teriam de pagar mais para se parar a barragem».

Assunção Cristas frisou que a barragem ocupa apenas 2,9 hectares do Alto Douro Vinhateiro, o que representa 0,001 por cento do total da área, pelo que aquela infraestrutura não causa grande impacto na paisagem.

«Já convidámos a UNESCO para vir a Portugal. A UNESCO esteve cá em abril de 2011 e foi muito mal recebida. O Governo de então não a tratou da melhor forma e desvalorizou a questão. Queremos receber bem a UNESCO e mostrar o que foi feito entretanto», explicou.

A governante assegurou que «está tudo a ser feito para minimizar os impactos» e lembrou que o Douro «tem muitas barragens que fazem parte da classificação» da UNESCO.

Para a deputada Catarina Martins, do BE, a capacidade de produzir energia daquela barragem «é muito muito reduzida», apenas «0,1 por cento da energia do país», argumentando ainda que aquela é ruinosa do ponto de vista financeiro, ambiental, económico, turístico e para a classificação como património da humanidade.

Por seu lado, a deputada de Os Verdes pediu a «paragem imediata das obras», afirmando que se trata «do maior crime ambiental que começa hoje em Portugal».

Na comissão, os deputados do PSD, CDS-PP e PS mostraram estar a favor da construção da barragem, mas Agostinho Lopes, do PCP, teceu várias críticas, afirmando que a argumentação da ministra é «minimalista, não tem sentido, nem é aceitável».

«É por ser a EDP que não se pode mexer? Há todas as razões para negociarem se quiserem, tal como fizeram com as parecerias público-privadas e em todas as alterações contratuais que têm procedido», questionou.

Entretanto, à porta da Assembleia da República, concentraram-se cerca de 20 pessoas a exigir a paragem das obras de construção da barragem de Foz Tua.


[Fonte : Agência Financeira (agenciafinanceira.iol.pt)]

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