terça-feira, 9 de agosto de 2011

Região: Movimento cívico da Linha do Tua quer voluntários a conservar troço e a promover "comboio farmácia"


A conservação de um troço da Linha do Tua por voluntários e o 'comboio farmácia' são projetos para criar um novo modelo social dos caminhos-de-ferro, relatou o Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT).

Em declarações à Lusa, Daniel Conde, do MCLT, explicou faltarem apenas pormenores para levar à prática o 'comboio farmácia'.

A iniciativa foi inspirada numa habitante de uma aldeia servida pela Linha do Tua que participou no documentário de Jorge Pelicano “Pare, Escute, Olhe”. No seu testemunho, a habitante lamentava não ter comboio que lhe permitisse uma deslocação a Mirandela para comprar medicamentos.

O MCLT encontrou nos agrupamentos de escuteiros do Cachão e de Mirandela o parceiro para ajudar principalmente a população idosa.

Depois de definidas guias para o registo de quantias de dinheiro e dos medicamentos e dada a autorização pela CP – Comboios de Portugal para viagens gratuitas, os escuteiros de Cachão vão abrir a sua sede para receberem os pedidos.

Um voluntário deslocar-se-á depois, em viagem de comboio, com as receitas e o dinheiro a Mirandela e pela tarde as encomendas serão entregues.

Outro projeto de voluntariado teve inspiração internacional: a monitorização e conservação do troço de quatro quilómetros da Linha do Tua entre as estações de Mirandela e de Carvalhais.

Daniel Conde relatou à lusa como no Reino Unido foi concretizado um projeto “muito mais ambicioso”, ao reabrir-se uma via estreita com “30 a 40 quilómetros quase com exclusivamente com mão-de-obra voluntária”.

“Reabriram do zero um caminho-de-ferro que estava encerrado há mais de 50 anos”, contou o membro do MCLT, referindo que para conseguir realizar o projeto piloto em Portugal foram contactados o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres e a Autoridade de Condições de Trabalho.

O movimento pretende nomeadamente recolher informações sobre seguros e vestuário a utilizar pelos voluntários.

A iniciativa “consiste na intervenção de voluntários com ou sem experiência em trabalhos de conservação de via-férrea e estações, que em conjunto com uma pequena equipa de trabalhadores com experiência” faria a monitorização e conservação dos quatro quilómetros.

O troço é da responsabilidade do Metro de Mirandela, cuja administração se mostrou recetiva à ideia, na qual poderão participar jovens e ex-ferroviários, disse Daniel Conde.

O MCLT também está a lançar as bases para um espaço ajardinado na estação de Frechas, através de voluntários da própria aldeia, e quer repetir a experiência noutras estações da Linha do Tua para a “salvaguarda do património”.

@Lusa

[Fonte: Agência Lusa]

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